Habitar _ ensaio curto 01

  O interessante sobre habitação é a não relação direta com a casa. Quando digo casa me refiro ao seu sentido mais literal, edificação onde passa-se as horas de descanso e faz-se atividades higiênicas e fisiológicas. Habitar é criar um espaço caracterizado pela personalidade e interpretação das atividades lá feitas, um lugar.
  Um exemplo disso é a afeição que se cria ao espaço onde se passa a maior parte do tempo, seja o trabalho, escola ou um espaço público. No primeiro momento identificamos as características físicas e julgamos o que é bom ou ruim, logo após a identificação e catalogação do espaço começamos a gravar o sentimento em cada fração do que nos rodeia. É interessante o limiar da mudança de um espaço para um lugar, ele deixa de ser um mero conjunto de elementos físicos para ter emoções e conceitos na sua constituição.
  O que antes era fisico passa a ser emocional. É nesse momento, onde o lugar é criado, que começa a construção do Habitar. Mas quer dizer que habitamos qualquer lugar? Não exatamente, habitar é uma rede de lugares que constitui as atividades cotidianas de um humano, pode ser um lugar ou uma infinidade de lugares, mas cada lugar que temos em nossa lembrança determina a localização do Habitar.  Em outras palavras, Habitar é tudo que fazemos e re-fazemos durante a vida.
  Mas e a casa? Qual é seu papel? Isso é um fato relativo, afinal uma casa pode carregar emoções e conceitos difere a cada um em que nela se abriga. Isso pode ser claramente visto na relação com um quarto provisório, em um primeiro dia não sente-se nada em volta, já em seus últimos dias, as experiências e emoções vividas em conjunto com este espaço o conceitua em nossa memória e por um determinado tempo passou a ser um habitat.
  Habitat então é tudo o que carregamos nas memórias, emoções e atividades cotidianas, não sendo exclusivamente composto por uma edificação unifamiliar.

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